quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Alquimia mística

'Sabei que os filósofos, por previdência', escrevia o misterioso Basílio Valentim, ' escreveram várias coisas como o fim de que os ignorantes, que apenas queriam ouro ou prata, não abusassem...' Ora, existe uma concepção puramente mística da alquimia, segundo a qual as frases sucessivas da preparação da Pedra Filosofal, as operações 'químicas', descrevem na realidade as sucessivas purificações do ser humano na sua procurado conhecimento esclarecido.
'Nem todos os alquimistas', escreve um dos maiores escritores da Maçonaria moderna, O. Wirth, 'se deixavam enganar pelos seus símbolos. Chumbo significava para eles vulgaridade, pesadez, falta de inteligência e Ouro precisamente o contrário. Iniciados, desinteressavam-se dos bens perecíveis, dos metais ordinários que fascinam os profanos. Referiam tudo ao homem, que é perceptível, e em quem o chumbo é realmente transmutável em ouro'.

O simbolismo alquímico não se aplica pois, à matéria, mas às operações espirituais. As imagens representam a evolução do ser interior. A matéria sobre a qual é preciso trabalhar, é o próprio homem: 'Tu és a própria matéria da Grande Obra' (Grillot de Givry) e a Pedra Filosofal designa o fim da iniciação: o homem transformado. A alquimia não é senão a purificação do ser, que tornará o homem capaz de alcançar o supremo conhecimento: o homem que, renunciando a toda a sensualidade e obedecendo cegamente à vontade de Deus, chegou a participar da ação que as inteligências celestes exercem, já possui por isso a Pedra Filosofal; jamais lhe faltará nada, todas as criaturas da Terra e todas as forças do Céu lhe estão submetidas'.

O 'Mercúrio Filosófico' é ao mesmo tempo o princípio da vida universal da Natureza e o da redenção pela ascece. A própria teoria do homunculus tem um sentido oculto: é um símbolo do nosso novo nascimento, da ressurreição espiritual do homem pela iniciação; da mesma forma que muitos organismos vivos parecem nascer de matéria em putrefação, da mesma forma o homem é capaz de se elevar da sua corrupção habitual.

Extraído do livro: 'A Alquimia' de Serge Hutin 

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