quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

A Casa da Música

Representação arquitetônica de Robert Fludd de um templo inspirado na beleza da música e nos instrumentos musicais. Robert Fludd foi um rosacruziano inglês proeminente, físico paracelsiano, alquimista kentiano anglicano, matemático, astro-logo, cabalista, filósofo místico, 16º mestre principal do priorado de Sion e desenhista de máquinas de movimento perpétuo.
Foi, ao mesmo tempo, um escritor prolífero, e muitos de seus trabalhos em alquimia, rosacruzismo, medicina oculta, filosofia magnética e várias teorias científicas sobrevivem, ainda, até o dia de hoje.

Em diversas pinturas e gravuras alquímicas, é comum a representação de instrumentos musicais (às vezes instrumentos de cordas, ou um órgão portátil, outras vezes um clarim). É porque as vibrações sonoras representam um papel capital durante as operações alquímicas produzindo diversos tipos de vibrações se tenta suscitar no seio da matéria-prima o fenômeno, a transformação desejada.
Na gravura aparece à esquerda Apollo tocando o alaúde (instrumento de corda da família dos cordofones) e à direita o Sátiro tocando a zampoña.


Transformando-se, evoluindo durante as fases da Grande Obra, a mistura preparada emite diversos sons, que se sucederão numa determinada ordem, que o alquimista devera conhecer cuidadosamente.
Um exemplo de obra alquímica acompanhada de música é a obra Atalanta fugiens de Miguel Majer e de Bry (1618), o qual é um autêntico tratado de ocultismo em cinqüenta emblemas esotéricos. Cada emblema comporta três elementos: um epigrama, breve poema alegórico em latim; uma gravura simbólica e uma fuga a três vozes, escrita sobre os dois primeiros versos do epigrama.

Essas curtas peças musicais, cuja realização é longe de ser considerada uma obras-prima, constituiria para os alquimistas um método para gravar na memória do adepto o primeiro dístico essencial de cada poema que comenta a gravura correspondente.

O Imperador Rodolfo II, bem como o duque Vicente de Gonzaga, ambos alquimistas experientes, eram, para os músicos, mecenas generosos. Ambos possuíam uma prestigiosa capela de música. O primeiro protegeu - entre outros - o compositor flamengo Filipe de Monte, e o segundo financiou o Orfeu, de Cláudio Monteverdi, cujo simbolismo foi, por certo, amplamente inspirado pelo comanditário.

A música servia para dissipar a melancolia saturnina, que se apoderava dos alquimistas durante as longas noites de vigília diante do forno.  Imagina-as então enganando a espera, cantando as fugas da Atalanta Fugiens. Supõe ainda que tais fugas também foram cantadas pelos membros da Fraternidade Rosacruz, a que Majer e Fludd pertenciam e que outorgava à música extrema importância.


Fonte: Misticismo e Alquimia - Alexander Roob

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